23.10.09

"Enquanto o dia acorda a gente ama..."



“... Eu sinto falta sim, mas não de você como homem, não de te desejar ardentemente por ver seu nome escrito ou ver uma foto com seu rosto. Sinto falta da sua amizade, da sua prosa boa, seu riso, seu jeito manso, de rir com você até altas horas. Não sinto falta daquele fanatismo de Florbela. Hoje seria muito bom se nós pudéssemos nos ver, sentar e conversar horas, horas e horas, para que pudesse sentir o som da sua voz novamente, ver seus dentes brancos ao rir das besteiras que eu sempre digo. É isso qualquer dia desses você pode me ligar para sermos mais uma vez apenas duas pessoas que comungam de idéias, sonhos e desejos. Beijo Lívia”.

E foi assim que ela terminou o e-mail. Ele que nunca havia imaginado que ela um dia diria coisas como essas, profundas e sinceras, chorou. Não de saudade daquele mulher que ele viu crescer, mas de ler aquelas palavras destinadas a alguém que não sabe a diferença entre a paixão arrebatadora e o verdadeiro sentimento, aquele desprovido de posse, aquele que deseja a felicidade.


Para ela, essas foram palavras que já havia escrito antes, eram até as mais simples, porque as outras ela nunca chegou a enviar. Medo talvez, nunca se sabe o motivo das palavras não serem ditas, elas simplesmente não são, a expectativa da resposta inibe o dizer. E ela queria muito proferir palavras de sentimento ou de qualquer coisa para ele que sempre a calava com o olhar.


Quem sabe o verdadeiro significado do que é dito, do que é expresso? O olhar arma e desarma, aponta e desvia, ele que nunca a olhou com olhos de amor. Ele que não a vê, não a enxerga, não enxerga a vida, os momentos e não entende as palavras. Ele que talvez até hoje não saiba a verdade. Ele que não entende o amor, não desfruta o carinho e não aproveita o oferecido.


Ela que não vê que ele não pode, não quer e não crê. Olha para o mundo como se conhecesse cada canto, com verdades que brotam e nascem de pequenos textos lidos, e poemas declamados, ela que talvez também não saiba a verdade.
Essa verdade que ninguém conhece e ninguém entende. Esse caminho que não tem mapa, essa vida sem manual. Esse dia que não passa, essa sexta que não chega, esse amor que não vai embora. Esse te amo que não foi dito.
Raquel Pimentel

16.10.09

All the single ladies!





Não é um plagio da música SUCESSO da Beyonce, é um ensaio, um informativo para as sofredoras de plantão. VAI PASSAR! Acredite, “tudo na vida muda até bermuda”, quanto mais um casinho que você teve com um carinha da academia. Vizinho? Três meses é? Vai, vai. Quê? Namoro de colégio, primeiro beijo, primeiro homem? Sim passa. Como, 5 anos e quase noivos? De novo, você consegue... Noivo, casou, separou? VAI PASSAR. Entendo que você fique na frustração, porque enquanto uns mandam você morrer de amor, outros dizem que “se a pessoa que você ama ou acha que ama e não quer nada com você, definitivamente ela não é a pessoa de sua vida” (Mario Quintana). Mas é isso, pára de viver o amor os outros, dos filmes, das músicas, o Samuel Rosa não fez aquela música pra você, ela se encaixou, ela colou, porque tem sempre alguém sofrendo e é por isso que é sucesso, aí a gente ouve e diz, “é a minha cara!”. Dá um basta nessa vida arrastada onde às coisas só vão fazer sentido quando você encontrar sua cara metade. Se ela aparecer fique atenta, não deixe de viver, não vire uma amargurada que acha que homem é tudo igual, que todos traem. Ame, só não dependa deles, não os permita ser a razão da sua felicidade. Não os deixe tomar um espaço que é seu. Largue os clichês e seja feliz. Saia dessa de que ninguém é de ninguém, que a vida é curta, vida louca, curte com os errados até achar o certo, se o coração bater mais forte, ouça o Drumonnd e não deixe o amor passar. Porque no fundo todo mundo quer ser de alguém.


Estágios do esquecimento:


Estágio um: “meu mundo caiu...” Agora você só que ficar no sofá, assistindo filmes, séries, e pensando porque você não tem um McDreamy (Patrick Dempsey de Grey’s Anatomy) na sua vida? Você quer ligar, chora, seu rosto está deformado e não sabe a diferença entre um chocolate e um pedaço de carne. Aí é o poço, com você cavando mais 15 metros de lama. Transformou-se numa maníaca obsessiva que liga o tempo todo, manda mensagem, confere orkut, apaga depoimento, rasga as cartas.


Estágio dois: “Tudo bem, tudo bem, não era pra ser, mas um dia ele vai descobrir que eu fui à mulher que mais gostou dele. Ninguém nunca vai amá-lo como eu. Ela não vale nada e só ele não vê.” Ainda está mal. Mas você consegue.


Estágio três: Esse é o mais difícil de todos, aí você é uma enganada, uma iludida, acha que superou, vai lá diz pra todo mundo que você está bem, nunca esteve melhor e que agora vai achar alguém que a dê valor. Sai da cama, coloca o vestidinho preto indefectível, lança um scarpin novinho e acha que é uma nova mulher. Mas é só esbarrar no primeiro barzinho onde vocês pela primeira vez tocaram seus fofos narizes, acabou, aquela mulher decidida volta pra casa chora, se olha no espelho e promete ser o choro de despedida. Porque será que tudo tem que ter uma despedia? “Nosso último beijo, nosso último cinema, última carta, última música dedicada”. Aqui você cresce, agora é a maníaca depressiva.


Estágio quatro: Esse é chato porque às vezes o cara nem é um escroto, só não te quis, mas você amiga, você está com nojo. Tudo nele é repulsivo. O cara virou uma bola de papel amassada com uma lista de defeitos. Não são os do tipos gola amassada, perfume barato, não, você é cruel. Mau filho (e nessa vai uma obs. mau filho, mal tudo), tudo ao redor dele nos mínimos detalhes é um grande erro. Se ele abrir a boca você pensa num corte, se tiver a oportunidade de dizer pra ele se afastar... Ela é sua, diz enfaticamente, com todas as letras que ele já era.


Estágio cinco: “I can see cleary now the rain is gone...” Mulher você está curada, agora você entende que a vida é muito mais que isso, que ele foi, que virão outros, ou não. Mas você agora está de bem, as cores voltaram aparecer, os filmes românticos são legais, mas não autobiográficos, as músicas não são suas. Você se olha no espelho e diz: “eu não sou a mulher mais linda do mundo, também não estou entre as dez mais, as cem ... ok as mil, as dez mil, as cem mil ? as um milhão? Mas estou entre as um bilhão de mulheres mais lindas do mundo! Será que vai sair uma revista? Você não precisa, nota o quanto é desejável, existem muitas outras opções e daqui a dez anos você vai encontrar aquela amiga dos tempos do dito cujo e ela vai perguntar: “Cadê aquele carinha, como é o nome dele mesmo?”Você diz “Que carinha”? “E ela “Aquele que você era apaixonada” aí você dispara “Quem, fulano? Nossa não o vejo há séculos, de onde desenterrou ele, têm anos que não sei nada dele...” as duas riem lembrando o quanto sofreram, em vão, e sua amiga termina com chave de ouro “Pizza ou carne?”.


Raquel Pimentel

5.10.09

Eu, futura jornalista.



O jornalismo é a profissão sem diploma, formada de crápulas mentirosos, enganadores que poderiam ser atores se não escrevessem com clareza e não preferissem uma agitação maior que uma vida de estúdios, identidades diferentes a cada nove meses e festas de graça.

Essa é a profissão que escolhi, com orgulho, obrigada. E agora tenho que ficar explicando e dando a minha humilde opinião sobre a queda do diploma a todos que perguntam e aí, eu também sou jornalista?! Pois é, a nossa diferença não são só os quatro anos de universidade, nem as aulas de ética, teorias, estúdios e etc. A nossa diferença é que entrei nesse curso apostando tudo diante de todos que diziam ser uma profissão falida. Então a nossa diferença é a paixão. Pois é, você pode escrever melhor que eu e ter mais propriedade para falar de assuntos que eu teria que pesquisar muito para escrever o que você vê e ouve a todo o momento na sua área de atuação. A liberdade de escrita e opinião é pelos jornalistas muito defendida, todos podem e devem escrever. Mas nem todos são ou serão – como eu – jornalistas de verdade que escrevem por ofício e sempre e não eventualmente. E Com diploma.


Mas aqui não quero falar apenas disso, mas sim das injustiças, dos maldizeres e das impropriedades direcionadas por muitos, a maioria, a minha paixão. A ética não é um problema dos jornalistas e sim de nós brasileiros, é inerente ao ser humano, é uma característica adquirida na vida assim como manchas na pele marcadas pelo sol. Ou você tem ou você não tem. Não existem momentos éticos e outros momentos de exceção, é a velha máxima “quem rouba um real, rouba um milhão”. Então jornalismo marrom é o mesmo, que médicos incompetentes e desumanos, são os engenheiros formados pelo status, são garis que varrem pra dentro do poço a sujeira da SUA cidade.


A queda do diploma no Brasil não é uma perda artística, os grandes jornalistas literários que fazem do nosso domingo mais interessante ao ler seus contos e crônicas pela manhã continuarão, os esportistas e colunistas também, a perda é no sentido trabalhista. Um país que sai de um desemprego exponencial, que retira miserável da linha de pobreza, que avança a cada dia nos projetos sociais (mesmo que a passos curtos) como nunca antes visto, conceder as empresas de comunicação e redes do país a OPÇÃO de aceitar ou não o diploma é mais que absurdo, é vergonhoso, é Brasil. O maior risco não é a qualidade.


Países como os Estados Unidos que desde a 1860 criou universidades a fim de regular e dar mais respaldo a uma das profissões mais importantes, e menos respeitadas. Agora vamos falar de importância: preciso realmente pedir respeito? Preciso, entretanto não deveria. Mas mesmo assim quero lembrar que durante a Segunda Guerra Mundial existiu um corajoso jornalista soviético de nome Vasily Grossman que durante todos os anos do maior conflito armado visto no mundo ele corajosamente pegou em armas, mesmo que com mãos de escritor, e escreveu minuciosamente relatos incríveis do exército russo e sua atuação nos campos de batalha. Sua imparcialidade diante de crimes e abusos do poder por ele revelados é incrível, e através dele e muitos outros durante a guerra sabemos hoje que, a Rússia foi a grande vencedora, papel que a história cedeu erroneamente aos EUA.


Coragem, determinação, sangue frio, estômago e, sobretudo paixão, são elementos característicos que a profissão exige. Não quero ocultar e fingir que não sei de todos os estragos causados pela imprensa, mas há a necessidade de que se reconheçam frutos positivos e grandiosos que foram capazes de brotar através de jornais, rádios e televisão. Quantos jornalistas não perderam suas vidas almejando uma história, uma matéria que mostrasse a realidade para o mundo? Quantos não escrevem com responsabilidade e ética? É em nome deles que lembro um trecho do texto da Elisa Lucinda imortalizado na voz da Ana Carolina “... com o tempo a gente consegue ser livre ético e o escambal.”. Ética é um problema mundial e não característico da minha futura profissão.
Raquel Pimentel