23.4.13

A mensagem que não enviei


As lágrimas escorreram e ela escreveu uma resposta que ficou guardada.

"... mas apesar de tudo o que eu não disse, eu sinto sua falta. Sinto falta até do mal que me fazia e da angústia que dava o seu silêncio e disciplina oriental em me ignorar. Foi nessa ausência de palavras e total desespero que me mantive e me mantenho muda diante dos cataclismos de nos dois. Mudo palavras e cores, inverto historias que mais se parecem com as passadas e confundo terceiros. Os outros não são mais protagonistas do filme de paixão que eu mesma roteirizei, são secundários do silêncio e muitas reticências no nosso infinito entre aspas ... Tudo o que tiver de mais lindo, ainda lhe dedico. Mas a distância”

Raquel Pimentel

7.4.13

Devaneio meu



Na última noite eu sonhei com você. Foi aquele tipo de sonho que a gente sabe que é sonho e por isso age da forma que mais deseja, porque nos sonhos somos mais plenos e íntegros com nossas vontades. Eu subi aquela ladeira da saudade, saudade de você. Andei muito até a sua rua, até a sua casa de portão amarelo, até o seu quarto. No caminho eu cantava aquela música, o dedilhado dela era minha trilha, minha sonoplastia pra te ver. Meu coração disparava, batia tão forte que quase me acordou e meu maior medo era despertar desse sonho de te ver depois de meses. Passei pelo seu portão, entrei na sua casa, passei pelos seus irmãos, era como se eu fosse invisível. Subi as escadas, abri a porta do seu cantinho, vi rastros meus, senti seu cheiro e te vi de costas na janela, como se tivesse me assistido chegar. Você virou e os cabelos estavam maiores, mais escuros. Sorriu pra mim. Fui até você, lhe deitei na cama como sempre, mãos na cintura, como hábito e você disse com os olhos repousados nos meus “não existe ninguém como você”. 

Mas, foi só um sonho.  


Raquel Pimentel